quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sociedade matriarcal

Sociedade matriarcal é o termo aplicado às sociedades nas quais o poder é exercido pela mulher, geralmente pelas mães de uma comunidade. Embora fontes arqueológicas confirmem a presença de divindades femininas, a existência de uma sociedade matriarcal é muitas vezes contestada. A descoberta de uma possível sociedade matriarcal foi feita pelo arqueólogo Sir Arthur Evans, que encontrou vestígios da Civilização Minóica*. Baseando-se na arte desta sociedade, que apresentava imagens de mulheres e de Vênus, a deusa-mãe, Evans afirmou que a civilização minóica era uma sociedade matriarcal.

Vênus de Willendorf

Uma das mais conhecidas representações é a Vênus de Willendorf. Alguns sugerem que a corpulência representa um elevado estatus social numa sociedade caçadora e coletora, além da referência à fertilidade. A imagem também pode ser um símbolo de segurança, de sucesso e  bem-estar. Para as sociedades antigas, que dependiam da agricultura e dos ciclos da natureza, a fertilidade era essencial para sua sobrevivência, sendo esta associada à divindade. Na mitologia antiga são consagrados também os mitos femininos das deusas-mãe, valquírias*, erínias*, harpias* e a deusa da sabedoria e da guerra, Atena. As sacerdotisas ou pitonisas, as amazonas (guerreiras) e matemáticas são exemplos de mulheres importantes da sociedade grega.

Notas:
*Civilização Minóica: Os minoicos foram uma civilização pré-helênica da idade do bronze, em Creta, no mar Egeu.
*Valquírias: Na mitologia nórdica, as valquírias eram servas de Odin. Elas eram belas jovens mulheres, que montadas em cavalos alados e armadas com elmos e lanças, sobrevoavam os campos de batalha escolhendo os guerreiros recém-abatidos mais bravos, que entrariam no Valhala. Elas o faziam por ordem e benefício de Odin, que precisava de muitos guerreiros corajosos para a batalha do Ragnarok (a batalha final).
*Erínias: As Erínias (Fúrias para os romanos) eram personificações da vingança, semelhantes a Nêmesis. Enquanto Nêmesis punia os deuses, as Erínias puniam os mortais. Eram Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável). Viviam nas profundezas do submundo, onde torturavam as almas pecadoras julgadas por Hades e Perséfone. Pavorosas, possuíam asas de morcego e cabelo de serpente.
*Harpias: As harpias são criaturas da mitologia grega, frequentemente representadas como aves de rapina com rosto de mulher e seios.

Sociedades matriarcais antigas:
Ilha de Malta: Pesquisas arqueológicas evidenciam o culto à deidades femininas, chamadas "damas gordas". Os inúmeros achados de estatuetas femininas somados às evidências de culto e adoração a essas imagens inspiraram uma tradição de uma religião fundamentada no culto à deusa-mãe.
Celtas: Entre os celtas as mulheres possuíam o mesmo status social dos homens. Elas recebiam treinamento para a guerra, dispunham dos bens herdados da maneira que lhes conviesse, e não sofriam discriminação por se divorciar. Sempre foram descritas como livres.
Sociedade minóica: Os afrescos descobertos pela arqueologia revelam a importância conferida à mulher, que exercia funções religiosas, administrativas e políticas. Os minóicos eram pacíficos, acreditavam que os deuses governavam tudo e a mulher era fundamental para garantir a pacificação social.
Amazonas gregas: Mulheres guerreiras gregas, ficaram famosas por terem sido grandes guerreiras e líderes sociais, além de serem os primeiros seres humanos a adestrar cavalos e cavalgá-los. Devido a isso até hoje o termo se refere às mulheres que montam cavalos ou que cavalgam.
América do Sul: As icamiabas eram índias que dominavam a região próxima ao rio Amazonas. A belicosa vitória das icamiabas contra os invasores espanhóis foi tamanha que o fato foi narrado ao rei Carlos V, o qual, inspirado nas antigas guerreiras amazonas, batizou o rio de Amazonas.

Dias atuais
No Brasil, o percentual de mulheres chefes de família cresceu 79%, passando de 10 milhões em 1996 para 18 milhões em 2006. Na China, no povoado mosuo, há uma sociedade matriarcal. A propriedade particular e o nome da família são passados de mãe para filha; os homens fazem as atividades domésticas e são comandados pelas mulheres.


quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O conceito de Deusa Mãe nas culturas antigas

Deusa mãe
A deusa mãe, geralmente representada como a Mãe-Terra; é a deidade da fertilidade normalmente sendo a personificação da Terra. Entretanto, nem todas as deusas são manifestações da Deusa Mãe.
O termo refere-se a um mito universal de divindade feminina relacionada à Natureza, aos ciclos, à fertilidade, e seu culto remonta ao início da história humana, como pode ser observado nas retratações de Vênus da Pré-história. O culto à Deusa Mãe foi observado inicialmente na Pré-história (Paleolítico e Neolítico), depois nas civilizações grega, romana, egípcia e babilônica aonde consolidou-se um enorme panteão de deusas.
Teoria acerca da origem das deusas-mães:
As deidades que se encaixam na moderna concepção de deusas mães tem sido claramente adoradas em muitas sociedades até a atualidade. James Frazer e seus adeptos (como Robert Graves e Marija Gimbutas) afirmam que todo o culto na Europa e Egeu que incluiu qualquer tipo de Deusa Mãe tinha origem nos matriarcados neolíticos (sociedadades comandadas por uma mulher/mãe), e que as diferentes deusas de localidades distintas eram equivalentes.
Análise não-cristã
A arqueologia pré-histórica e a mitologia pagã registram esta origem do culto à´Deusa Mãe e do ocre vermelho. As mais recentes descobertas de uma religião humana remontam ao culto aos mortos (300.000 a.C.) e ao intenso culto da cor vermelha associado ao sangue menstrual e ao poder de dar a vida. Na mitologia grega, a chamada mãe de todos os deuses, a deusa Réia (ou Cibele, entre os romanos), exprime este culto na própria etimologia: Réia significa terra ou fluxo. A identidade da religião com a Mãe Terra, a fertilidade, a origem da vida e da manutenção da mesma com a mulher, seria retratada também na Bíblia: ...a santidade da terra, em si, porque ela é o corpo da Deusa. Ao criar, Jeová cria o homem a partir da terra [da Deusa], do barro, e sopra vida no corpo já formado. Ele próprio não está ali, presente, nessa forma. Mas a Deusa está ali dentro, assim como continua aqui fora. O corpo de cada um é feito do corpo Dela. Nessas mitologias dá se o reconhecimento dessa espécie de identidade universal.
Diversos autores discutem sobre várias religiões do Oriente, muitas das quais representavam a Deusa mãe por uma serpente e outras por uma simbologia de comunhão realizada pelo ato de comer uma fruta de uma árvore que crescesse perto do altar dedicado à Deusa. Estas deusas, primeira e única Deusa Criadora, também representava o conhecimento, a criatividade, sexo, sexualidade, reprodução, novos ciclos e/ou Destino.
Exemplos de deusas mães:
Pelasgos (povos pré-helenos):
Eurínome foi a mais importante divindade dos pelasgos, o povo que ocupou a região da Grécia antes da invasão jônica e dórica. O nome significa "aquela que governa de longe", e seu culto se espalhou por todo o Mediterrâneo. Eurínome está associada ao mar. Também foi conhecida como: Grande Deusa, Mãe Primordial, a Criadora do Universo, a Governante, Deusa do Universo, Deusa de Tudo, e Aquela Que Se Move Na Eternidade. Eurínome era representada como uma mulher com um rabo de serpente, presa com correntes de ouro. Nesta forma, a deusa era considerada a mãe de todos os prazeres.
A lenda de Eurínome retrata bem a humanidade no período Paleolítico, quando o ato sexual ainda não era associado à gravidez e as culturas humanas não tinham conhecimento sobre o papel reprodutor do homem. Acreditava-se que as mulheres geravam os bebês por si próprias: ao ser picada por alguns insetos, comer determinado alimento ou se expor ao vento norte ou ao orvalho.

Eurínome 

Deusas sumérias:
Nammu: é uma deusa primordial, a mãe de todos os deuses e deusas, do céu e da terra; era a deusa do "mar doce".
Da união dos filhos de Nammu, Anu (Céu) e Antu (Terra), nasceu Enlil (Ar); quando o deus do Céu se viu sozinho e chorava com saudades da esposa, ela recolheu suas lágrimas e gerou Enki, Ereshkigal e Ninki. Era uma deusa poderosa e afável. É a grande mãe das fontes da vida, é a deusa que nutre e preserva.
Tiamat: é uma deusa da mitologia sumérica. Na maioria das vezes ela é descrita como uma serpente marinha ou um dragão. Tiamat era adorada como a mãe dos elementos, sendo responsável pela criação de tudo que existe.
O deus Ea acreditava que Apsu se elevou, com o caos que eles criaram, e então o matou. Isso enraiveceu Kingu - filho de Tiamat e Apsu – que contou o ocorrido a Tiamat, revoltando-se contra os deuses. Ela possuía as Tábuas do Destino e na batalha decisiva deu-as à Kingu, seu filho e líder dos exércitos de Tiamat. Os deuses estavam em desvantagem, mas Marduk, filho de Eä, batalhou contra ela, armado com flechas do Vento, uma rede, um cajado e sua Lança Invencível. Cortando-a ao meio, fez de seu tórax o vácuo entre o céu e a terra. Seus olhos de lágrimas se tornaram a fonte do Rio Eufrates e Tigre. Kingu foi capturado e posteriormente assassinado, e seu sangue foi misturado com a terra vermelha criada do corpo de Tiamat, para então formar a humanidade.

                                                                        Tiamat

Deusa celta:
Dana: Também conhecida como Danu, é a maior Deusa Mãe da mitologia celta. Seu nome significa conhecimento, tendo sido preservada na mitologia galesa como a deusa Don. Na Ibéria, a divindade suprema do panteão celta é considerada a senhora da luz e do fogo. Era ela que garantia a segurança material, a proteção e a justiça. Dana ou Danu também é conhecida por outros nomes: Almha, Becuma, Birog, ou Buan-ann, de acordo com o lugar de seu culto. Seu símbolo mágico é um bastão.

Dana

Deusa nórdica
Freya: é a deusa mãe da mitologia nórdica. Filha de Njord (deus do mar) e Skadi (deusa do inverno e da caça), e irmã de Frey (deus da fertilidade), é a deusa do sexo e da sensualidade, fertilidade, do amor, da beleza e da atração, da luxúria, da música e das flores.
É também a deusa da magia e da adivinhação, da riqueza (as suas lágrimas transformavam-se em ouro) e líder das Valquírias (condutoras das almas dos mortos em combate).
De carácter arrebatador, teve vários deuses como amantes e é representada como uma mulher atraente e voluptuosa, de olhos claros, baixa estatura, sardas, trazendo consigo um colar mágico, emblema da deusa da terra.
Diz a lenda que ela estava sempre procurando por Odur, seu marido perdido, enquanto derramava lágrimas que se transformavam em ouro na terra e âmbar no mar.
Na tradição germânica, Freia e dois outros vanirs (deuses de fertilidade) se mudaram para Asgard para viver com os aesirs (deuses de guerra) como símbolo da amizade criada depois de uma guerra. Ela usava o colar de Brisingamen, um tesouro de grande valor e beleza.

Freya

Deusas gregas
Cibele ou Réia: Designada como "Mãe dos Deuses" ou Deusa mãe, simbolizava a fertilidade da natureza. O seu culto iniciou-se na região da Ásia Menor e espalhou-se por diversos territórios da Grécia Antiga. Cibele tornou-se uma divindade do ciclo de vida-morte-renascimento ligada à ressureição do filho e amante Átis.
Segundo os gregos, contudo, esta deusa seria apenas uma encarnação de Reia, adorada no Berecinto, um dos picos do monte Ida na Frígia. O culto incluía manifestações orgíacas, como era próprio dos deuses relacionados com a fertilidade, celebrados pelos curetes ou coribantes.
Era representada, frequentemente, com uma coroa de muralhas, com leões por perto ou num carro puxado por esses animais.
Géia: Conhecida também como Gaia ou Gê, era a deusa da Terra, a Mãe Terra, como elemento primordial. Segundo Hesíodo, ela é a segunda divindade primordial, nascendo após Caos. Tal como Caos, Géia parece possuir uma natureza forte, pois gera sozinha seu marido Urano, Pontos e as Montanhas.
Com Urano, Gaia gerou os 12 Titãs, depois os Ciclopes e os Hecatônquiros (Gigantes de Cem Mãos). Sendo Urano capaz de prever o futuro, temeu o poder de filhos tão grandes e poderosos e os encerrou novamente no útero de Géia. Ela, que gemia com dores atrozes sem poder parir, chamou seus filhos Titãs e pediu auxílio para libertar os irmãos e se vingar do pai. Somente Cronos aceitou. Gaia então tirou do peito o aço e fez a foice dentada. Colocou-a na mão de Cronos e o escondeu, para que, quando viesse Urano, durante a noite não percebesse sua presença. Ao descer, Urano, para se unir mais uma vez com a esposa, foi surpreendido por Cronos, que atacou-o e castrou-o, separando assim o Céu e a Terra. Cronos lançou os testículos de Urano ao mar, mas algumas gotas caíram sobre a terra, fecundando-a. Do sangue de Urano derramado sobre Gaia, nasceram os Gigantes, as Erínias as Melíades e Afrodite.

Cibele
Deusa romana: 
Vênus: deusa do amor e da beleza, foi adotada como figura de deusa mãe. Era considerada a mãe do povo.

Vênus, a deusa do amor

Deusa siberiana
Mai, é a Deusa Mãe dos siberianos. Se representa com sessenta tranças douradas, que parecem raios de sol. Se crêem que uma vez foi idêntica a Ot dos mongóis.
Deusa mãe do hinduísmo:
A deusa Durga é considerada como a deusa mãe suprema por alguns hindus. Durga é considerada pelos hindus como a mãe de Ganesha e Lakshmi. Ela é considerada a forma da esposa de Shiva, a deusa Parvati, como caçadora de demônios.
Durga é descrita como um aspecto guerreiro com 10 braços, que cavalga um leão ou um tigre, carrega armas e faz gestos simbólicos com a mão. Esta forma da Deusa é a encarnação do feminino e da energia criativa (Shakti).
A Grande Deusa Durga é dita ser requintadamente bela. Sua imagem é extremamente brilhante (devi), com três olhos como lótus, dez poderosas mãos, cabelos exuberantes com formosos anelados, um vermelho-dourado brilhante de sua pele e um quarto crescente em sua testa. Ela usa um brilhante traje azul marinho que emite raios. Seus ornamentos foram lindamente esculpidos em ouro, cravejados de pérolas e pedras preciosas. Cada deus também lhe deu a sua arma mais poderosa, o tridente de Rudra, o disco de Vishnu, o raio de Indra, kamandal de Brahma, gada de Kuber, etc. Himalaia presenteou-lhe com um feroz leão dourado.

Durga


Nota do autor

Este blog foi criado a fim de obter pontuação (trabalho escolar) na disciplina Redação.
Mentor: Celso Flexa.
 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Rituais africanos

Representando um disfarce para a incorporação dos espíritos e a possibilidade de adquirir forças mágicas, as máscaras têm um significado místico e importante na arte africana sendo usadas nos rituais e funerais. As máscaras são confeccionadas em barro, marfim, metais, mas o material mais utilizado é a madeira. Para estabelecer a purificação e a ligação com a entidade sagrada, são modeladas em segredo na selva.
Na dança africana, cada parte do corpo movimenta-se com um ritmo diferente. Os pés seguem a base musical, acompanhados pelos braços que equilibram o balanço dos pés. O corpo pode ser comparado a uma orquestra que, tocando vários instrumentos, harmoniza-os numa única sinfonia. Outra característica fundamental é o policentrismo que indica a existência no corpo e na música de vários centros energéticos, assim como acontece no cosmo. A dança africana é um texto formado por várias camadas de sentidos. Esta dimensionalidade é entendida como a possibilidade de exprimir através e para todos os sentidos. No momento que a sacerdotisa dança para Oxum, ela está criando a água doce não só através do movimento, mas através de todo o aparelho sensorial. A memória é o aspeto ontológico da estética africana. É a memória da tradição, da ancestralidade e do antigo equilíbrio da natureza, da época na qual não existiam diferenças, nem separação entre o mundo dos seres humanos e os dos deuses.
A repetição do padrão-musical manifesta a energia que os fieis estão invocando. A repetição dos movimentos produz o efeito de transe que leva ao encontro com a divindade, muito usado em rituais. O mesmo ato ou gesto é praticado num número infinito de vezes, para dar à ação um caráter de atemporalidade, de continuação e de criação continua. Nas danças africanas o contato contínuo dos pés nus com a terra é fundamental para absorver as energias que deste lugar se propagam e para enfatizar a vida que tem que ser vivida agora e neste lugar, ao contrario das danças ocidentais performadas sobre as pontas a testemunhar a vontade de deixar este mundo para alcançar um outro. Existem várias danças. Entre elas destacam-se: lundu, batuque, congadas e jongo.
  
Lundu:
Da África, o lundu herdou a base rítmica, uma certa malemolência e seu aspecto lascivo (sensual), evidenciado pela umbigada, os rebolados e outros gestos que imitam o ato sexual.
O lundu na suas origens tinha sistemática simples:
- Músicos iniciam o ritmo Lundu. As pessoas que querem dançar aproximam-se, já entrando na dança. Um sinal da viola é emitido e a primeira dançadora abre espaço no centro da roda que logo se forma com o grupo.
- Forma-se a roda e ela fica no centro dançando até convidar alguém para substituí-la.
- O convite pode ser uma batida de pé diante da pessoa, palmas diante da pessoa, uma umbigada ou um toque de ombros à esquerda e em seguida outro à direita.
- A dançadora convidada vai para o centro dançar.
- Dança no centro até escolher quem vai substituí-la. Pode ser uma mulher ou um homem. E as substituições continuam por várias vezes.
- Quando esta no meio da roda, o dançador faz evoluções inteiramente relaxado, braços caídos ao longo do corpo, pernas meio fletidas, mantendo um sapateio em que a planta do pé bate inteiramente no chão, ao ritmo da música.
- A predominância dos dançadores é de mulheres. Homens em geral ficam apenas olhando ao redor, mas ao serem convidados vão para o centro dançar. Se ao sair convidam uma dançadora com umbigada, faz-se grande algazarra no grupo. Não se registra umbigada de homem em homem, mas entre mulheres há umbigada indistintamente em outra mulher ou em homem. Pode-se concluir que há aí uma representação do ato sexual no movimento.
“Havia mulatos célebres, aplaudidos nos salões por darem ao lundum um acento libidinoso como ninguém: era uma feiticeira melodia sibarita, em lânguidos compassos entrecortados, como quando falta o fôlego, numa embriaguez de sensualidade voluptuosa.” (Oliveira Martins, História de Portugal, vol. II, Lisboa, 1920).


Batuque:
O batuque é uma religião onde se cultuam vários Orixás, oriundos de várias partes da África, e suas forças estão em parte dentro dos terreiros, onde permanecem seus assentamentos e na maior parte na natureza: rios, lagos, matas, mar, pedreiras, cachoeiras etc., onde também invocamos as vibrações de nossos Orixás.
Todo ser humano nasce sob a influencia de um Orixá, e em sua vida terá as vibrações e a proteção deste Orixá que está naturalmente vinculado e rege seu destino, com características individuais, em que o Orixá exige sua dedicação, onde este poderá ser um simples colaborador nos cultos, ou até mesmo se tornar um Babalorixá (o chefe do terreiro) ou Iyalorixá (a chefe do terreiro).
Principais orixás:
Exu, orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e pessoas, mensageiro divino dos oráculos.
Ogum, orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.
Oxóssi, orixá da caça e da fartura.
Xangô, orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
Oxumaré, orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras.
Ossaim, orixá das Folhas sagradas, conhece o segredo de todas elas.
Oyá ou Iansã, orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestades, e do rio Níger.
Oxum, orixá feminino dos rios, do ouro, jogo de búzios, e protetora dos recém nascidos.
Iemanjá, orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos orixás.
Nanã, orixá feminino dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiê.
Yewá, orixá feminino do Rio Yewa, considerada a deusa da beleza, da adivinhação e da fertilidade.
Obá, orixá feminino do Rio Oba, uma das esposas de Xangô, é a deusa do amor.
Ibeji, divindade protetor dos gêmeos.
Omulu, Orixá da morte.
Oxalá, orixá do Branco, da Paz, da Fé.
Logun-Edé, é o Orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e de Oxóssi.


Jogo de Búzios:
O jogo de búzios é uma das artes divinatórias utilizado nas religiões tradicionais africanas e na religiões da Diáspora africana instaladas em muitos países das Américas.
Existem muitos métodos de jogo, o mais comum consiste no arremesso de um conjunto de 16 búzios sobre uma mesa previamente preparada, e na análise da configuração que os búzios adoptam ao cair sobre ela. O adivinho, antes reza e saúda todos os Orixás e durante os arremessos, conversa com as divindades e faz-lhes perguntas. Considera-se que as divindades afetam o modo como os búzios se espalham pela mesa, dando assim as respostas às dúvidas que lhes são colocadas.
A quantidade de búzios pode váriar de acordo com a nação, o mais comum é composto de 16 ou 17 búzios, mas o jogo com 21 búzios também é muito comum.
Além dos búzios pode-se utilizar outros objetos para consulta dos Orixás: Obí, Orobô, Alobaça (cebola), atarê (pimenta da costa), ossos, víceras, e outros.


Panteísmo

Panteísmo é uma crença que identifica o universo com Deus.
Etimologicamente falando, o termo panteísmo deriva das palavras gregas pan ("tudo") e teísmo ("crença em deus"), sustentando a idéia da crença em um Deus que está em tudo, ou a de muitos deuses representados pelos múltiplos elementos divinizados da natureza e do universo.
Em diversas culturas panteístas, frequentemente a idéia de um Deus que vive em tudo complementa e coexiste pacificamente com o conceito de múltiplos deuses associados com os diversos elementos da natureza, sendo ambos aspectos do panteísmo.
A principal convicção é que Deus, ou força divina, está presente no mundo e permeia tudo o que nele existe. O divino também pode ser experimentado como algo impessoal, como a alma do mundo, ou um sistema do mundo. O panteísmo costuma ser associado ao misticismo, no qual o objetivo do mortal é alcançar a união com o divino.

Xintoísmo

Xintoísmo é o nome dado à espiritualidade tradicional dos japoneses, considerado também uma religião pelos estudiosos ocidentais.
O xintoísmo incorpora práticas espirituais derivadas de tradições pré-históricas japonesas, locais e regionais, porém não surgiu como instituição religiosa formalmente centralizada até a chegada do budismo, confucionismo e daoísmo no país, a partir do século VI.
O xintoísmo caracteriza-se pelo culto à natureza, aos ancestrais, pelo seu politeísmo e animismo, com uma forte ênfase na pureza espiritual, e que tem como uma de suas práticas honrar e celebrar a existência de Kami, que pode ser definido como "espírito", "essência" ou "divindades", e é associado com múltiplos formatos compreendidos pelos fieis; em alguns casos apresentam uma forma humana, em outros animística, e em outros é associado com forças mais abstratas, "naturais", do mundo (montanhas, rios, relâmpago, vento, ondas, árvores, rochas).
O xintoísmo baseia-se no culto aos kami. Esta palavra é frequentemente traduzida por "deus" ou "divindade", o que não traduz completamente o conceito, dado que os kami podem ser também forças vitais ou espíritos da natureza. Ao contrário dos deuses das outras religiões, os kami não são onipotentes ou oniscientes, possuindo poderes limitados. Nem todos kami são bons. Alguns kami são locais ou conhecidos como espíritos de um local em particular ou a lugares (montanhas, ervas, árvores, vales, rios, mares, encruzilhadas). Outros representam elementos ou processos da natureza, como por exemplo, Amaterasu, a deusa do Sol, Tsukiyomi, deus da lua, Susanoo, deus da tempestade.
Existem kami ligados a fenómenos meteorológicos (chuva, vento, trovão...), e kamis associados à vida humana (vestuário, transportes, ofícios, etc.). Incluem-se ainda no conceito de kami os espíritos de homens notáveis, como de certos guerreiros. Os espíritos dos antepassados também são considerados deuses tutelares da família ou do país, motivo pelo qual os ritos fúnebres possuem grande relevo.
Há inúmeras divindades ligadas a elementos naturais, o que atesta que tudo é governado pelos kami. Logo, a natureza reveste um carácter sagrado, regendo-se por uma vontade e sensibilidade próprias, por uma espiritualidade misteriosa, mais do que propriamente por leis naturais.
Ocorre a deificação de determinados elementos naturais em especial. Como por exemplo a árvore que representa um família ou um rocha que ocupa lugar de destaque em determinada cidade. Principalmente na antiguidade, era tradicional em muitas aldeias a veneração de algum "ícone" que representasse bem seu povoado ou dinastia.
Montanhas: As montanhas no Japão são muito numerosas e estão envolvidas nos aspectos da vida diária, é delas que brotam os rios, e são consideradas sagradas. Não são kami em si, mas sim moradias de kami.
Moral: O homem é considerado como naturalmente bom e puro, participante da natureza dos kami, e o pecado e a impureza se devem a influências malignas dos espíritos habitantes do mundo inferior. Por isso, o homem recebe directamente dos kami uma componente natural, um ideal celeste a ser realizado nesta vida, modelo de vivência dado e aceite como meta, e que representa a ligação da vida humana à vida divina. Este é o maior conceito moral do Xintoísmo, o chamado michi, termo que significa “caminho”. Trata-se de um ideal de justiça e de carácter, de que ninguém se deve afastar, elemento básico da vida xintoísta e do próprio culto. O michi, obediência ao curso da natureza, reveste-se duma extrema simplicidade e naturalidade.


Animismo

Animismo é a manifestação religiosa baseada na crença da vivacidade de todos os elementos do Cosmos (Sol, Lua, estrelas...), a todos os elementos da natureza (rio, oceano, montanha, floresta, rocha...), a todos os seres vivos (animais, fungos, vegetais) e a todos os fenômenos naturais (chuva, vento, dia, noite...); é um princípio vital e pessoal, chamado de ânima (energia, espírito, alma).
Consequentemente, todos esses elementos são passíveis de possuirem: sentimentos, emoções, vontades ou desejos e até mesmo inteligência.
O Animismo possui regras simples:
- Tudo no Cosmo tem ânima (Todas as coisas são vivas);
- Todas as coisas possuem consciência.
- Todo o ânima é transferível;
- Tudo ou todo que transfere ânima não perde a totalidade de seu ânima, mas quem ou que o recebe perde parte ou a totalidade de seu ânima, o qual será tomado pelo ânima doador.