quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sociedade matriarcal

Sociedade matriarcal é o termo aplicado às sociedades nas quais o poder é exercido pela mulher, geralmente pelas mães de uma comunidade. Embora fontes arqueológicas confirmem a presença de divindades femininas, a existência de uma sociedade matriarcal é muitas vezes contestada. A descoberta de uma possível sociedade matriarcal foi feita pelo arqueólogo Sir Arthur Evans, que encontrou vestígios da Civilização Minóica*. Baseando-se na arte desta sociedade, que apresentava imagens de mulheres e de Vênus, a deusa-mãe, Evans afirmou que a civilização minóica era uma sociedade matriarcal.

Vênus de Willendorf

Uma das mais conhecidas representações é a Vênus de Willendorf. Alguns sugerem que a corpulência representa um elevado estatus social numa sociedade caçadora e coletora, além da referência à fertilidade. A imagem também pode ser um símbolo de segurança, de sucesso e  bem-estar. Para as sociedades antigas, que dependiam da agricultura e dos ciclos da natureza, a fertilidade era essencial para sua sobrevivência, sendo esta associada à divindade. Na mitologia antiga são consagrados também os mitos femininos das deusas-mãe, valquírias*, erínias*, harpias* e a deusa da sabedoria e da guerra, Atena. As sacerdotisas ou pitonisas, as amazonas (guerreiras) e matemáticas são exemplos de mulheres importantes da sociedade grega.

Notas:
*Civilização Minóica: Os minoicos foram uma civilização pré-helênica da idade do bronze, em Creta, no mar Egeu.
*Valquírias: Na mitologia nórdica, as valquírias eram servas de Odin. Elas eram belas jovens mulheres, que montadas em cavalos alados e armadas com elmos e lanças, sobrevoavam os campos de batalha escolhendo os guerreiros recém-abatidos mais bravos, que entrariam no Valhala. Elas o faziam por ordem e benefício de Odin, que precisava de muitos guerreiros corajosos para a batalha do Ragnarok (a batalha final).
*Erínias: As Erínias (Fúrias para os romanos) eram personificações da vingança, semelhantes a Nêmesis. Enquanto Nêmesis punia os deuses, as Erínias puniam os mortais. Eram Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável). Viviam nas profundezas do submundo, onde torturavam as almas pecadoras julgadas por Hades e Perséfone. Pavorosas, possuíam asas de morcego e cabelo de serpente.
*Harpias: As harpias são criaturas da mitologia grega, frequentemente representadas como aves de rapina com rosto de mulher e seios.

Sociedades matriarcais antigas:
Ilha de Malta: Pesquisas arqueológicas evidenciam o culto à deidades femininas, chamadas "damas gordas". Os inúmeros achados de estatuetas femininas somados às evidências de culto e adoração a essas imagens inspiraram uma tradição de uma religião fundamentada no culto à deusa-mãe.
Celtas: Entre os celtas as mulheres possuíam o mesmo status social dos homens. Elas recebiam treinamento para a guerra, dispunham dos bens herdados da maneira que lhes conviesse, e não sofriam discriminação por se divorciar. Sempre foram descritas como livres.
Sociedade minóica: Os afrescos descobertos pela arqueologia revelam a importância conferida à mulher, que exercia funções religiosas, administrativas e políticas. Os minóicos eram pacíficos, acreditavam que os deuses governavam tudo e a mulher era fundamental para garantir a pacificação social.
Amazonas gregas: Mulheres guerreiras gregas, ficaram famosas por terem sido grandes guerreiras e líderes sociais, além de serem os primeiros seres humanos a adestrar cavalos e cavalgá-los. Devido a isso até hoje o termo se refere às mulheres que montam cavalos ou que cavalgam.
América do Sul: As icamiabas eram índias que dominavam a região próxima ao rio Amazonas. A belicosa vitória das icamiabas contra os invasores espanhóis foi tamanha que o fato foi narrado ao rei Carlos V, o qual, inspirado nas antigas guerreiras amazonas, batizou o rio de Amazonas.

Dias atuais
No Brasil, o percentual de mulheres chefes de família cresceu 79%, passando de 10 milhões em 1996 para 18 milhões em 2006. Na China, no povoado mosuo, há uma sociedade matriarcal. A propriedade particular e o nome da família são passados de mãe para filha; os homens fazem as atividades domésticas e são comandados pelas mulheres.