quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O conceito de Deusa Mãe nas culturas antigas

Deusa mãe
A deusa mãe, geralmente representada como a Mãe-Terra; é a deidade da fertilidade normalmente sendo a personificação da Terra. Entretanto, nem todas as deusas são manifestações da Deusa Mãe.
O termo refere-se a um mito universal de divindade feminina relacionada à Natureza, aos ciclos, à fertilidade, e seu culto remonta ao início da história humana, como pode ser observado nas retratações de Vênus da Pré-história. O culto à Deusa Mãe foi observado inicialmente na Pré-história (Paleolítico e Neolítico), depois nas civilizações grega, romana, egípcia e babilônica aonde consolidou-se um enorme panteão de deusas.
Teoria acerca da origem das deusas-mães:
As deidades que se encaixam na moderna concepção de deusas mães tem sido claramente adoradas em muitas sociedades até a atualidade. James Frazer e seus adeptos (como Robert Graves e Marija Gimbutas) afirmam que todo o culto na Europa e Egeu que incluiu qualquer tipo de Deusa Mãe tinha origem nos matriarcados neolíticos (sociedadades comandadas por uma mulher/mãe), e que as diferentes deusas de localidades distintas eram equivalentes.
Análise não-cristã
A arqueologia pré-histórica e a mitologia pagã registram esta origem do culto à´Deusa Mãe e do ocre vermelho. As mais recentes descobertas de uma religião humana remontam ao culto aos mortos (300.000 a.C.) e ao intenso culto da cor vermelha associado ao sangue menstrual e ao poder de dar a vida. Na mitologia grega, a chamada mãe de todos os deuses, a deusa Réia (ou Cibele, entre os romanos), exprime este culto na própria etimologia: Réia significa terra ou fluxo. A identidade da religião com a Mãe Terra, a fertilidade, a origem da vida e da manutenção da mesma com a mulher, seria retratada também na Bíblia: ...a santidade da terra, em si, porque ela é o corpo da Deusa. Ao criar, Jeová cria o homem a partir da terra [da Deusa], do barro, e sopra vida no corpo já formado. Ele próprio não está ali, presente, nessa forma. Mas a Deusa está ali dentro, assim como continua aqui fora. O corpo de cada um é feito do corpo Dela. Nessas mitologias dá se o reconhecimento dessa espécie de identidade universal.
Diversos autores discutem sobre várias religiões do Oriente, muitas das quais representavam a Deusa mãe por uma serpente e outras por uma simbologia de comunhão realizada pelo ato de comer uma fruta de uma árvore que crescesse perto do altar dedicado à Deusa. Estas deusas, primeira e única Deusa Criadora, também representava o conhecimento, a criatividade, sexo, sexualidade, reprodução, novos ciclos e/ou Destino.
Exemplos de deusas mães:
Pelasgos (povos pré-helenos):
Eurínome foi a mais importante divindade dos pelasgos, o povo que ocupou a região da Grécia antes da invasão jônica e dórica. O nome significa "aquela que governa de longe", e seu culto se espalhou por todo o Mediterrâneo. Eurínome está associada ao mar. Também foi conhecida como: Grande Deusa, Mãe Primordial, a Criadora do Universo, a Governante, Deusa do Universo, Deusa de Tudo, e Aquela Que Se Move Na Eternidade. Eurínome era representada como uma mulher com um rabo de serpente, presa com correntes de ouro. Nesta forma, a deusa era considerada a mãe de todos os prazeres.
A lenda de Eurínome retrata bem a humanidade no período Paleolítico, quando o ato sexual ainda não era associado à gravidez e as culturas humanas não tinham conhecimento sobre o papel reprodutor do homem. Acreditava-se que as mulheres geravam os bebês por si próprias: ao ser picada por alguns insetos, comer determinado alimento ou se expor ao vento norte ou ao orvalho.

Eurínome 

Deusas sumérias:
Nammu: é uma deusa primordial, a mãe de todos os deuses e deusas, do céu e da terra; era a deusa do "mar doce".
Da união dos filhos de Nammu, Anu (Céu) e Antu (Terra), nasceu Enlil (Ar); quando o deus do Céu se viu sozinho e chorava com saudades da esposa, ela recolheu suas lágrimas e gerou Enki, Ereshkigal e Ninki. Era uma deusa poderosa e afável. É a grande mãe das fontes da vida, é a deusa que nutre e preserva.
Tiamat: é uma deusa da mitologia sumérica. Na maioria das vezes ela é descrita como uma serpente marinha ou um dragão. Tiamat era adorada como a mãe dos elementos, sendo responsável pela criação de tudo que existe.
O deus Ea acreditava que Apsu se elevou, com o caos que eles criaram, e então o matou. Isso enraiveceu Kingu - filho de Tiamat e Apsu – que contou o ocorrido a Tiamat, revoltando-se contra os deuses. Ela possuía as Tábuas do Destino e na batalha decisiva deu-as à Kingu, seu filho e líder dos exércitos de Tiamat. Os deuses estavam em desvantagem, mas Marduk, filho de Eä, batalhou contra ela, armado com flechas do Vento, uma rede, um cajado e sua Lança Invencível. Cortando-a ao meio, fez de seu tórax o vácuo entre o céu e a terra. Seus olhos de lágrimas se tornaram a fonte do Rio Eufrates e Tigre. Kingu foi capturado e posteriormente assassinado, e seu sangue foi misturado com a terra vermelha criada do corpo de Tiamat, para então formar a humanidade.

                                                                        Tiamat

Deusa celta:
Dana: Também conhecida como Danu, é a maior Deusa Mãe da mitologia celta. Seu nome significa conhecimento, tendo sido preservada na mitologia galesa como a deusa Don. Na Ibéria, a divindade suprema do panteão celta é considerada a senhora da luz e do fogo. Era ela que garantia a segurança material, a proteção e a justiça. Dana ou Danu também é conhecida por outros nomes: Almha, Becuma, Birog, ou Buan-ann, de acordo com o lugar de seu culto. Seu símbolo mágico é um bastão.

Dana

Deusa nórdica
Freya: é a deusa mãe da mitologia nórdica. Filha de Njord (deus do mar) e Skadi (deusa do inverno e da caça), e irmã de Frey (deus da fertilidade), é a deusa do sexo e da sensualidade, fertilidade, do amor, da beleza e da atração, da luxúria, da música e das flores.
É também a deusa da magia e da adivinhação, da riqueza (as suas lágrimas transformavam-se em ouro) e líder das Valquírias (condutoras das almas dos mortos em combate).
De carácter arrebatador, teve vários deuses como amantes e é representada como uma mulher atraente e voluptuosa, de olhos claros, baixa estatura, sardas, trazendo consigo um colar mágico, emblema da deusa da terra.
Diz a lenda que ela estava sempre procurando por Odur, seu marido perdido, enquanto derramava lágrimas que se transformavam em ouro na terra e âmbar no mar.
Na tradição germânica, Freia e dois outros vanirs (deuses de fertilidade) se mudaram para Asgard para viver com os aesirs (deuses de guerra) como símbolo da amizade criada depois de uma guerra. Ela usava o colar de Brisingamen, um tesouro de grande valor e beleza.

Freya

Deusas gregas
Cibele ou Réia: Designada como "Mãe dos Deuses" ou Deusa mãe, simbolizava a fertilidade da natureza. O seu culto iniciou-se na região da Ásia Menor e espalhou-se por diversos territórios da Grécia Antiga. Cibele tornou-se uma divindade do ciclo de vida-morte-renascimento ligada à ressureição do filho e amante Átis.
Segundo os gregos, contudo, esta deusa seria apenas uma encarnação de Reia, adorada no Berecinto, um dos picos do monte Ida na Frígia. O culto incluía manifestações orgíacas, como era próprio dos deuses relacionados com a fertilidade, celebrados pelos curetes ou coribantes.
Era representada, frequentemente, com uma coroa de muralhas, com leões por perto ou num carro puxado por esses animais.
Géia: Conhecida também como Gaia ou Gê, era a deusa da Terra, a Mãe Terra, como elemento primordial. Segundo Hesíodo, ela é a segunda divindade primordial, nascendo após Caos. Tal como Caos, Géia parece possuir uma natureza forte, pois gera sozinha seu marido Urano, Pontos e as Montanhas.
Com Urano, Gaia gerou os 12 Titãs, depois os Ciclopes e os Hecatônquiros (Gigantes de Cem Mãos). Sendo Urano capaz de prever o futuro, temeu o poder de filhos tão grandes e poderosos e os encerrou novamente no útero de Géia. Ela, que gemia com dores atrozes sem poder parir, chamou seus filhos Titãs e pediu auxílio para libertar os irmãos e se vingar do pai. Somente Cronos aceitou. Gaia então tirou do peito o aço e fez a foice dentada. Colocou-a na mão de Cronos e o escondeu, para que, quando viesse Urano, durante a noite não percebesse sua presença. Ao descer, Urano, para se unir mais uma vez com a esposa, foi surpreendido por Cronos, que atacou-o e castrou-o, separando assim o Céu e a Terra. Cronos lançou os testículos de Urano ao mar, mas algumas gotas caíram sobre a terra, fecundando-a. Do sangue de Urano derramado sobre Gaia, nasceram os Gigantes, as Erínias as Melíades e Afrodite.

Cibele
Deusa romana: 
Vênus: deusa do amor e da beleza, foi adotada como figura de deusa mãe. Era considerada a mãe do povo.

Vênus, a deusa do amor

Deusa siberiana
Mai, é a Deusa Mãe dos siberianos. Se representa com sessenta tranças douradas, que parecem raios de sol. Se crêem que uma vez foi idêntica a Ot dos mongóis.
Deusa mãe do hinduísmo:
A deusa Durga é considerada como a deusa mãe suprema por alguns hindus. Durga é considerada pelos hindus como a mãe de Ganesha e Lakshmi. Ela é considerada a forma da esposa de Shiva, a deusa Parvati, como caçadora de demônios.
Durga é descrita como um aspecto guerreiro com 10 braços, que cavalga um leão ou um tigre, carrega armas e faz gestos simbólicos com a mão. Esta forma da Deusa é a encarnação do feminino e da energia criativa (Shakti).
A Grande Deusa Durga é dita ser requintadamente bela. Sua imagem é extremamente brilhante (devi), com três olhos como lótus, dez poderosas mãos, cabelos exuberantes com formosos anelados, um vermelho-dourado brilhante de sua pele e um quarto crescente em sua testa. Ela usa um brilhante traje azul marinho que emite raios. Seus ornamentos foram lindamente esculpidos em ouro, cravejados de pérolas e pedras preciosas. Cada deus também lhe deu a sua arma mais poderosa, o tridente de Rudra, o disco de Vishnu, o raio de Indra, kamandal de Brahma, gada de Kuber, etc. Himalaia presenteou-lhe com um feroz leão dourado.

Durga


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